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Da Caatinga para a Chapada do Corisco

Cineas Santos ao lado de fãs caracolenses, no Salipi de 2015.

Campo Formoso, lá nas brenhas de Caracol. Era setembro e a terra ardia, tal fogueira de São João, como na canção do velho Luiz Gonzaga, lançada por aqueles tempos, quando o berro de um menino quebrou o silêncio da caatinga, para alegria de dona Purcina e de “Seu” Liberato.

O menino recebeu o nome de Cineas das Chagas Santos, cresceu pela roça, entre calangos, mandacarus, flores e passarinhos.

Lá aprendeu com o pai a campear nuvens, mas dona Purcina entendeu de encaminhá-lo para a cidade, mais precisamente para a escola, em São Raimundo Nonato.

Em 1965, com 17 anos de idade, deixava para trás o seu mundo e chegava à Chapada do Corisco, com a mala vazia e a cabeça cheia de sonhos…Era, no entanto, o bastante para começar a nova caminhada.

Até porque, depois de saltar, todo empoeirado, de cima da carga do velho caminhão que o trazia do sertão, o jeito era ficar por aqui mesmo. Não havia dinheiro para a volta.

E ele foi se virando… estudante, professor, bacharel em Direito, livreiro, editor, jornalista, agitador cultural… Escreveu muito. No entanto, preocupou-se mais em publicar os escritos dos outros que os seus – desde os clássicos da literatura piauiense (Da Costa e Silva, H. Dobal, etc. aos novos, como Paulo Machado).

Há mais de 20 anos, juntou uma meia dúzia de artistas e professores e meteu o pé na estrada com “A Cara Alegre Do Piauí”, projeto de interiorização da cultura – música, literatura e artes plásticas.

O Salão do Livro do Piauí (Salipi) nasceu e se consolidou à sombra de seu prestígio pessoal.

A propósito, no Salipi deste ano, Cineas Santos chegava para fazer uma palestra sobre seus 50 anos na Chapada do Corisco e uma turma de Caracol se apresentou e disse que estava ali exclusivamente para ouvi-lo. Meninos, eu vi, e fiz o registro fotográfico…

Bem, todo esse nariz de cera, toda essa volta, é tão-somente para registrar o aniversário do professor, cronista e poeta Cineas Santos, que transcorre hoje, reconhecendo e aplaudindo a sua contribuição para a cultura de Teresina e do Piauí.

Tive o privilégio de ser seu aluno e continuo aprendendo com ele.

Ao felicitá-lo, quero abraçar também a Áurea e o Hermano, que completam a sua felicidade!

Parabéns, catingueiro, Cineas Santos! Muitas felicidades e grandes alegrias!

(Escrevi esta crônica em 2015, mas vale para hoje)

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