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Lula no Piauí: apoteose ou enterro de luxo?

Wellington Dias e Lula/Foto: Cristiano Mariz/O Globo

O presidente Lula volta ao Piauí, nesta quinta-feira (31/08), para o lançamento nacional do programa Brasil sem Fome, nova versão do Fome Zero.

Lula apresentará, também, as obras que serão realizadas no Piauí através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo Governo Federal em 11 de agosto.

Esta primeira visita do presidente ao Piauí, neste seu terceiro mandato, ocorre em meio a um grande estresse relacionado com as investidas do Centrão para tomar o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) do senador Wellington Dias.

Toma lá, dá cá.

O tal “Presidencialismo de Coalizão” que impera no Brasil, com a prática desenfreada e desavergonhada do “toma lá, dá cá”, por meio da qual o governo troca cargos públicos por apoio político, não é invenção de Lula.

Esse vergonhoso “balcão de negócios” foi montado há muitas luas e quem não se sujeitou a virar mercador ou se saiu muito mal no governo ou perdeu a cadeira presidencial.

Então, Lula é apenas um continuador dessa obra nefasta. Com um detalhe: ele está mais experiente, porém mais enfraquecido que em seus mandatos anteriores e o parlamento mais fortalecido e também mais faminto de cargos e benesses.

Empurrando com a barriga

Em sua insaciável fome de poder, o PP – cabeça e estômago do Centrão – mirou justamente no MDS, o Ministério que cuida do Bolsa Família, carro-chefe da área social do Governo Lula.

A muito custo o presidente vem tentando salvar o pescoço do ministro Wellington Dias, seu companheiro de primeira hora, especialmente dos momentos mais difíceis da prisão em Curitiba.

Uma de suas táticas tem sido a de empurrar com a barriga a fome do Centrão por cargos.

Primeiro, deixou a decisão para quando retornasse da viagem à África.

Nesta terça-feira (29/08), o presidente sinalizou com a possibilidade de recriação do Ministério das Pequenas e Médias Empresas e servi-lo como lanche aos aliados.

Agora há pouco, a mídia já especulava em Brasília sobre o risco de o MDS ser dividido em dois para atender ao Centrão.

Uma banda continuaria com o Bolsa Família e programa de combate à miséria, sob o comando do ministro Wellington Dias, e a outra abocanharia a área de assistência social, sob o comando dos novos aliados.

Jogado às feras

Pelo visto, o núcleo pensante do Planalto meteu na cabeça que o MDS é o prato mais apetitoso para alimentar o Centrão neste momento.

Os ministérios entregues ao Ceará, à Bahia e aos demais Estados nordestinos são intocáveis. Que seja jogado às feras o único ministério do Piauí.

Se embarcar nessa, o presidente estará dando as costas para o Estado que sempre esteve com ele.

E vai sabendo que, quanto mais ceder, mais facada receberá.

Então, o que promete ser um lançamento apoteótico do Brasil sem fome pode não passar, ao final, de um enterro de luxo do ministro Wellington Dias.

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