A linguagem torta de “Torto Arado”
8 de junho de 2021
O Ary Magalhães que eu não conhecia
15 de junho de 2021
Exibir Tudo

Teresina na distância

Nildomar com seu novo livro, "Retalhos de Memórias"/Imagem: Divulgação

Este livro nasceu literalmente de uma provocação. Ela foi feita diretamente ao seu autor no grupo de WhatsApp da Academia Piauiense de Letras. Como passatempo para enfrentar estes momentos de isolamento social decretado pela pandemia da Covid-19, ele vinha postando no grupo, com regularidade, algumas fotos e histórias da Teresina de outrora.

Como sabemos que ele é organizado, acompanhou de perto a caminhada da cidade nos últimos 60 anos ou mais e escreve com inteligência e elegância, cobramos dele a publicação de um livro de memórias.

Isto porque sabemos, também, que Nildomar da Silveira Soares é um homem que tem e faz história. Por uma vida foi assistente jurídico do Banco do Brasil e lá se fez amigo, dentre outros, de O. G. Rego de Carvalho, Ofélio das Chagas Leitão, José Maria Soares Ribeiro, Francisco Miguel de Moura, Cláudio Pacheco, Martins Napoleão, este seu chefe maior, ocupante do cargo de consultor jurídico na Direção Geral, no Rio de Janeiro, além de Tarciso Prado, Dodó Macedo e Deusdeth Nunes, também seus colegas. Colaborou com este último em muitas tiradas engraçadas para a coluna “Um prego na chuteira” e, também, para um jornalzinho, “O Precário”, de circulação interna. Colaboração anônima, apenas pelo prazer de ver o sorriso do rosto do leitor.

Também se conduziu com postura severa, sóbria e firme quando a vida assim o exigiu, como, por exemplo, no exercício da presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Piauí. Foi lá que o conheci, no meu oficio de repórter.

Precursor do Google

Mais adiante, nos encontramos na Prefeitura de Teresina, ele como assistente jurídico do prefeito Wall Ferraz e eu como secretário municipal de Comunicação. E por lá selados uma amizade que, graças a Deus, só cresce com o tempo.

Na Prefeitura, quando não havia ainda o Google, ele era o nosso Google. Sempre que precisávamos, recorríamos a ele. E, cá para nós, explorávamos mesmo, buscando esclarecer desde consultas gramaticais a informações sobre leis.

Sempre discreto, mas muito atento e dedicado ao que faz, o Dr. Nildomar trabalhou diretamente com três prefeitos de Teresina – Wall Ferraz, Francisco Gerardo e Firmino Filho – e três governadores – Alberto Silva, Mão Santa e Kleber Eulálio.

O professor Wall era muito formal em seus despachos com os auxiliares, mas com Nildomar ele quebrava o gelo. Também bacharel em Direito, só o chamava de causídico. A razão desse apreço: Dona Anita Ferraz, a mãe de Wall, fora “mãe de leite” de Nildomar. Portanto, eram irmãos de leite. De Firmino era primo de sangue.

O Livro do Centenário

Bem, nos separamos, em 1999, mas não nos afastamos um do outro. Mais adiante, ele já estava na Cadeira 22 da APL e foi um dos meus mais entusiasmados eleitores quando me candidatei à Cadeira 34, em 2002. Certamente, me queria mais perto dele outra vez.

Nildomar encerrou a sua carreira profissional como desembargador. Chegou ao Tribunal de Justiça do Piauí pelo quinto constitucional. Nos anos que passou por lá, deu grande contribuição ao Judiciário. Depois de trocar a toga pelo pijama, voltou-se inteiramente para a literatura.

Assim, ou porque não quis desapontar os colegas da APL ou porque não quis esperar passar o tempo da prisão domiciliar da quarentena covidiana entregue à angústia de não saber quando ela acaba, ele abraçou a ideia e aqui está o livro sugerido e cobrado, “Retalhos de Memória”.

O abraço do rei

Teresina pulsa em suas páginas. A Teresina de ontem e a de hoje. A Teresina que o viu nascer. E também a que o viu a andar, em menino, jovem e já adulto, pelas suas praças e ruas hoje irreconhecíveis.

O livro fala também de suas viagens, primeiro para o Rio de Janeiro, onde se formou e onde sua turma se encontra anualmente desde então. E depois das viagens que fez ao redor do mundo com a esposa, a professora Salete.

Em resumo, o livro ficou muito melhor que a encomenda, o que não surpreende. Afinal, do talento de Nildomar da Silveira Soares nasceu, em 2017, o livro-álbum do Centenário da APL, e tantas outras publicações de fôlego em sua área específica de atuação profissional, o Direito.

E, para que, entre os que não o conhecem, não reste a menor dúvida de que o autor não é fraco, no livro ele aparece em uma foto abraçado por ninguém menos que o rei Roberto Carlos, num cruzeiro em alto-mar.

O livro tem, enfim, cheiro e sabor de Teresina, de gente, de saudade e vida. Parabéns Dr. Nildomar!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *