Da arte da gentileza
1 de maio de 2025
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Comunicação, Política e Fake News

George Mendes e seu novo livro/Imagem: Divulgação.

O leitor interessado em propaganda, publicidade e política tem à sua disposição um livro indispensável. Trata-se de Desfazendo interrogações… E por falar em comunicação, recém-lançado em Teresina.

É uma obra excepcionalmente oportuna, escrita por um profissional que se dedica a esses temas há 40 anos.

Ao longo dessas quatro décadas de atividade ininterrupta, projetou sua agência de publicidade e propaganda como uma das principais do Piauí e do Nordeste.

Antes de falar do livro, devo falar brevemente do autor e de sua agência.

Digo brevemente porque ambos dispensam maiores apresentações, tal é o conceito de que desfrutam no mercado.

Mas preciso esboçar seus perfis, destinados, sobretudo, aos mais jovens.

O autor

George Mendes, o autor do livro, eu o conheci bem no início de minha militância como jornalista, no começo da década de 1980.

Era um jovem economista, recém-chegado da Bahia, onde se formou, e que mesclava sua iniciante carreira profissional com a de músico.

Formava dupla com Paulo Batista, como parte de uma geração que marcou época no cenário artístico piauiense, ao lado do Grupo Candeia (Aurélio Melo, Zé Rodrigues & Cia.), Grupo Varanda, Geraldo Brito, Cruz Neto, Ronaldo Bringel e tantos outros jovens talentos musicais.

É dessa época a canção “Quintal de passarinhos”, parceria sua com o poeta, jornalista e compositor Paulo José Cunha, seu primo.

Desde muito cedo, George Mendes conviveu intimamente com a música e a comunicação.

Seu pai, Francisco Mendes, foi o primeiro diretor da Rádio Pioneira de Teresina, fundada em 1962.

Ainda pré-adolescente, sentia-se atraído pela arte e as artimanhas instigantes de seu primo Torquato Neto – em forma de poesia musical, experimentos cinematográficos e jornalismo desafinando o coro dos contentes. E sua irmã Dina Falcão é jornalista profissional.

Show em outros palcos

A vida o afastou dos palcos e o encaminhou para a comunicação.

Em 1985, fundou a Plug Propaganda, que não tardou a se estabelecer no mercado. E também não demorou a se tornar uma das referências da propaganda regional.

Além da particularidade de ser uma das poucas com tamanha longevidade, em um mercado limitado e ainda frágil, a Plug se destaca ainda por outras peculiaridades que se somam ao seu alto padrão de profissionalismo.

Se não for a mais organizada do Piauí, seguramente estará emparelhada à primeira.

Com um portfólio de fazer inveja, a agência tornou-se uma escola de propaganda.

Por lá passaram ou ainda estão grandes cabeças da propaganda e da publicidade.

Seu fundador dividiu também o tempo de publicitário com a sala de aula.

Como professor universitário, participou da formação de muitos profissionais que hoje se destacam no mercado.

Na vida pública

Tornei-me mais próximo de George Mendes quando, a convite do prefeito Wall Ferraz, fomos para a Prefeitura de Teresina, em 1993, como secretários – eu de Comunicação e ele de Indústria e Comércio.

E continuamos como secretários dos prefeitos Francisco Gerardo e Firmino Filho. Sempre tive nele um grande colaborador.

Em depoimento para o livro, o publicitário Siqueira Campos, da SA Propaganda, o apresenta como multiartista, intelectual, empresário, produtor cultural e mais outras capacidades que se encontram no publicitário.

De fato, sendo economista, músico, compositor, planejador, empresário e professor, com o múltiplo talento que possui, George Mendes daria certo em qualquer lugar, como tem dado.

Cito, a título de ilustração, dois feitos de sua passagem pela vida pública: na condição de secretário municipal de Planejamento, foi o idealizador do maior e mais arrojado projeto social e urbanístico de Teresina – o Vila Bairro, que deu uma nova cara a mais de 160 vilas e favelas da capital. O projeto recebeu prêmios nacionais e internacionais.

Há também o celebrado Programa Lagoas do Norte, de requalificação ambiental da cidade de Teresina, igualmente premiado dentro e fora do Brasil.

O vigoroso projeto, vitrine de Teresina para o mundo, foi abraçado pelos prefeitos Firmino Filho, Silvio Mendes e Elmano Férrer e largado às traças na gestão municipal passada.

Compartilhando saberes

Sua experiência profissional sobre propaganda está sendo compartilhada, agora, neste livro Desfazendo interrogações... E por falar em comunicação, mais um título que acrescenta à sua já expressiva bibliografia.

Nesta obra, expõe suas ideias sobre comunicação, mais especificamente sobre a propaganda, em todas as nuances: função, linguagem, efeitos, mitos, necessidade, oportunidade, marca, etc.

Também discute se, afinal, a propaganda é arte ou técnica, seus diferentes formatos e custos, e apresenta um passo a passo do fazer publicitário – briefing, planejamento, atendimento, clientes (tipos), produto/serviço, criação, mídia, mercado.

Aborda, ainda, a comunicação política, as fake-news e a propaganda do futuro.

Enfim, a obra une teoria e prática de forma criativa e irretocável.

Desfazendo certezas

No prefácio, o jornalista Gustavo Said, professor-doutor em Comunicação, sentencia:  “O objetivo do livro é preciso: desfazer qualquer certeza apriorística pelas vias do questionamento”.

O cientista político Washington Bonfim, também professor da Universidade Federal do Piauí, afirma, na apresentação, que “a concisão dos argumentos apresentados fornece ao leitor uma leitura fluida e envolvente, enquanto a atualidade das reflexões faz com que o livro seja um retrato fiel das demandas contemporâneas do campo da comunicação”.

Pois é. Não bastasse a longa experiência profissional do autor e seu modo didático de expor com clareza suas ideias e apresentar conceitos, ele lança mão ainda de vasta bibliografia referencial sobre os assuntos abordados na obra.

Por essas e outras, já é o principal livro sobre a propaganda piauiense que se publica até agora.

Quem duvidar, que o leia. Mas a leitura é recomendável igualmente para quem não duvida.  

Ah! Ao traçar este breve perfil de George Mendes, saltei sua incursão como empresário da noite, com o bar “Nunca fomos tão felizes”. É assunto para outra ocasião.

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