De dez eleições, tucanos perdem a primeira em Teresina
29 de novembro de 2020As memórias de Nazareno Araújo
22 de dezembro de 2020A velha-guarda da política piauiense perdeu hoje (16/12) um de seus representantes mais genuínos, o ex-deputado Nazareno Araújo. Ele faleceu aos 90 anos, em Teresina, de falência múltipla dos órgãos.
Um dos políticos mais brilhantes de sua geração, Nazareno foi auxiliar dos governadores Petrônio Portella, Helvídio Nunes e Hugo Napoleão. Era advogado.
Ele começou sua carreira na vida pública como vereador de Floriano, onde nasceu em 4 de abril de 1930. Foi deputado estadual na década de 1960 e suplente de senador no último mandato de Helvídio Nunes (1979-1987).
Foi também procurador-geral do Estado e diretor-geral do Detran.
Estava afastado da militância política há décadas. Já o conheci depois que tinha vestido o pijama. Fui apresentado a ele por Helvídio.
Política no cardápio
Nos últimos anos da década de 90, quando Helvídio também já estava fora das lutas políticas, eu ia sempre a um jantar mensal com ele e o jornalista Carlos Augusto. O prato principal era peixe, mas a entrada era sempre política – do passado e do presente.
Muitas conversas saborosas entravam no cardápio. Nesses encontros, incentivei o ex-senador a publicar um livro contando esses causos. O livro, editado por mim, saiu em 1996 e intitulou-se “Tempo de Política”.
Pois bem! Nazareno Araújo, o “Nego Nazá”, como Helvídio o chamava carinhosamente, foi a vários desses encontros. Não demorei a identificar nele uma personalidade diferente, com rara inteligência, expansivo e bem-humorado.
Helvídio faleceu em 3 de novembro de 2000, em Picos, aos 75 anos. Carlos Augusto morreu em 28 de agosto de 2010. E perdi o contato com Nazareno.
Livro de memórias
Soube que ele estava escrevendo um livro de memórias, com a colaboração do jornalista e acadêmico Herculano Moraes, que também faleceu em maio de 2018.
No começo deste ano, recebi uma ligação telefônica de Nazareno. Estava animado com o seu livro e queria que eu “desse uma olhada” nos originais.
Não pude me encontrar com ele. Aí veio a pandemia e nosso reencontro ficou ainda mais difícil.
Até porque, logo no começo da quarentena, Nazareno foi internado como vítima da Covid-19. Mas recuperou-se bem e retornou para casa.
Hoje pela manhã, fui surpreendido com a triste notícia de sua morte. E fiquei ainda mais pesaroso por não ter colaborado com a publicação de seu livro.
À tarde, soube por um amigo comum, o ex-deputado Carvalho e Silva, que o livro de Nazareno acabou de sair, com o título de “Antes que eu esqueça”. Ele chegou a autografar os exemplares de pelo menos 20 amigos.
Que bom que, antes de sua partida, ele conseguiu realizar mais este sonho!
Que sua alma descanse em paz!
4 Comments
Dr nazareno foi uma expressão
De devotamento aos amigos e ao Piauí
O que falar de José Nazareno Soares de Araújo.? Não tem palavras no mundo que defina o grande homem José Nazareno Soares de Araújo.
Nazareno foi para a minha família um daqueles amigos eternos. O meu marido foi um dos primeiros a receber o seu livro “Antes que eu esqueça”. Eu já havia comentado aqui no facebook sobre o livro, em que eu estava lendo em voz alta para o marido. Nazareno havia nos telefonado sobre o livro e em seguida nos enviou. Retribuí com o meu livro “Um canto para uma imaginada Índia”. Nem sei se ele chegou a ler, estava tão envolvido com o próprio livro! Estou triste. Agora, nem ele e nem Mariza! REQUIESCAT IN PACE, amigo. Saudade, Rita de Cássia Amorim Andrade.
Fiquei bastante triste com a partida do Dr. Nazareno.
Fui professora de dois de seus netos e amiga de seu genro Mastrangelo.