A Missão Ciro Nogueira
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25 de agosto de 2021Poucas vezes Brasília viu tanto político por metro quadrado no Palácio do Planalto quanto na posse do novo ministro-chefe da Casa Civil, senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI).
A presença maciça de líderes políticos na cerimônia, realizada na última quarta-feira (04/08), foi um recado claro e direto do mundo político ao governo: por mais que seja tortuoso, o Brasil só tem um caminho – o da democracia.
Na avaliação dos líderes congressistas, esse caminho dificilmente seria trilhado sem sobressalto com a condução política do governo entregue ao ex-chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos.
Os líderes partidários identificaram no general um militar com vocação golpista, sempre disposto a criar tensões entre o governo, o Congresso e o Supremo. Ou a aumentá-las.
Nessa condição, o general Ramos foi porta-voz de muitas provocações e ameaças ao STF. E ninguém sabia aonde isso iria parar. Daí o freio no general.
Campo minado
A desarmonia sem trégua entre os Poderes é o caminho mais curto para os desvios de rota e um terreno fértil para a semeadura de desgraças políticas e institucionais.
O presidente Jair Bolsonaro entendeu ou foi convencido da necessidade de mudança imediata de rumos.
Assim, recrutou do Congresso um parlamentar com lastro para auxiliá-lo na condução política do governo.
A escolha recaiu sobre um jovem, mas experiente senador, seu antigo correligionário, um político sem arestas e possuidor de grande tirocínio.
Já de saída, a entrada de Ciro Nogueira no Ministério tranquiliza o meio político, pois afasta o fantasma da armação de um golpe.
O novo ministro entendeu perfeitamente o seu papel, neste momento, e no discurso de posse deu prova disso ao enumerar seus compromissos: “O primeiro deles, e não tenha a menor dúvida, a democracia é líquida e certa.”
Pautas no Congresso
A presença dele no governo é importante por que ele tem uma grande liderança política no Congresso. Não tanto no Senado, mas especial e principalmente na Câmara dos Deputados.
Agora, investido no cargo de ministro-chefe da Casa Civil, responsável pela coordenação política do governo, coordenador de todo o ministério e com a chave do orçamento federal em mãos, ele vai ampliar esse prestígio no Senado e em todas as esferas e usá-lo a favor do Planalto.
Além da CPI da Covid, o governo tem pela frente várias pautas importantes e outras nem tanto no Congresso. Uma delas é a bobagem do voto impresso.
O recado do presidente
Não é que, nessa nova fase, o governo vá entrar em céu de brigadeiro. Isso não vai acontecer. O presidente Jair Bolsonaro é um espalhador de brasa nato e incorrigível.
Mas a nova condução indica que as turbulências ficarão, porém, apenas no território das bravatas.
O presidente sinalizou firmemente, com a mudança, que a sua opção é pelo diálogo, pela manutenção da ordem institucional.
E isso é o principal, por enquanto: o país toma uma vacina contra o golpe.