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A pipa do Firmino e sua história

A pipa que marcou o primeiro mandato do prefeito Firmino Filho e toda a sua carreira política voltou ao ar ao longo da semana passada, desde que o tucano voou para a eternidade.

A SA Propaganda saiu na frente, com uma postagem nas redes sociais, em homenagem à memória do ex-prefeito. Outras, muitas outras, se seguiram.

Como a pipa tornou-se símbolo do prefeito Firmino Filho?  Vou contar agora.

Eu era o secretário municipal de Comunicação dele, naquele seu primeiro mandato (1997-2000).

Como já disse em outro momento, cheguei na Prefeitura junto com ele, em janeiro de 1993, convidados que fomos pelo prefeito Wall Ferraz.

Continuamos como secretários do prefeito Francisco Gerardo, com a morte de Wall, em março de 1995.

Éramos, modéstia à parte, dois secretários fortes. Ele, com a chave do cofre; eu, com a pena.

Acompanhei por dentro a escolha de Firmino como candidato e a sua campanha para prefeito.

Mas isso é assunto para outro momento. Vamos à história da pipa como símbolo de sua primeira gestão.

O candidato das crianças

O deputado federal Aberto Silva era o candidato do PMDB a prefeito em 1996. Imbatível. Liderava com folga as pesquisas de intenção de voto e, pelo tamanho de seu partido, tinha mais tempo para inserção de suas peças de propaganda na televisão.

Como ele era franco-favorito, a TV Clube (Rede Globo), dona da maior audiência e que tinha um de seus herdeiros, o vereador Henrique Rebelo, como candidato a vice de Alberto, procurava dar uma forcinha e inseria a propaganda do peemedebista no horário nobre, o mais visto.

As inserções dos VT’s de Firmino entravam nos horários dos programas infantis. Ou seja, a TV cumpria a legislação eleitoral, mas ao seu modo.

E foi aí que o tiro saiu pela culatra. As crianças imediatamente se identificaram com Firmino. Num passe de mágica, ele passou a ser o candidato da criançada.

O professor Kleber Montezuma, secretário de Trabalho e Ação Social, até brincava, à época: “As crianças imaginam que o Firmino é um desses bonecos dos programas de TV que elas assistem”.

O fato é que Firmino caiu nas graças da garotada. E a candidatura dele foi crescendo e crescendo. Por onde andava, a meninada queria tirar foto com ele. Uma coisa fenomenal!

Assim, empurrado pelas crianças e pelos servidores da Prefeitura, ele foi para o segundo turno, algo improvável no início da campanha. E venceu a eleição, algo ainda mais impensável.

Muitos pais e mães foram às urnas, para votar, arrastados pelas suas crianças.

Começou aí a identificação entre Firmino e a criançada de Teresina.

Cara a cara com um ídolo

No comecinho da administração, fomos a Fortaleza – ele, eu e o publicitário Marcus Peixoto – para contatos políticos e na área técnica. Não lembro se foi mais alguém com a gente.

Recordo que um dos encontros foi com o governador Tasso Jereissati (PSDB), que se apaixonou por Firmino e colaborou com a sua campanha.

Outro contato, articulado por Marcus Peixoto, foi com o arquiteto Fausto Nilo.

E lembro perfeitamente do entusiasmo de Firmino quando íamos nos encontrar à noite com o Fausto Nilo, mais conhecido nosso pelas suas belas letras gravadas por grandes nomes da MPB.

Amelinha, Belchior, Chico Buarque, Dominguinhos, Ednardo, Fagner, Gal Gosta, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Moraes Moreira e Ney Matogrosso estão entre as vozes que gravaram suas composições.

Firmino não era afinado como cantor, mas sabia de cor muitas das canções compostas por Fausto Nilo. A minha preferida é “Você se lembra”…

O novo símbolo

Então, na ida para o encontro com o arquiteto-compositor, em um restaurante – cujo nome não me lembro – íamos conversando sobre que símbolo e que slogan deveriam ser escolhidos para a sua gestão.

Já vínhamos conversando sobre isso desde a sua eleição. E, claro, que nosso entendimento era o de que logomarca e slogan deveriam ter uma referência direta ao mundo encantado da criança. Algo lúdico, para retribuir o afeto e fortalecer os laços dele com a criançada.

E íamos nessa conversa quando ele viu, pela janela do táxi, uma pipa multicolorida desenhada no alto de um prédio. Me apontou e disse: “Taí, dr. Zózimo, encontramos o símbolo. Vai ser uma pipa. O que você acha?”

E assim foi. Escolhido o símbolo, faltava apenas o slogan. Depois, conto como ele surgiu.

O símbolo que identificou Firmino com Teresina nasceu, então, muito casualmente, na ida para o encontro dele com um poeta.

Trago estas reminiscências, já com uma ponta de grande saudade, na data da celebração da missa de sétimo dia por Firmino.

Estou certo, porém, que a pipa viverá entre os teresinenses como uma terna e eterna lembrança do seu Prefeito Criança.

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