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Deixem os mortos em paz!

Av. Marechal Castello Branco/Imagem: Oitomeia.com

Querem trocar o nome da Avenida Marechal Castello Branco pelo do ex-prefeito Firmino Filho.

Volta e meia, aparece alguém com a “luminosa” ideia de mudar nome de logradouros em Teresina. E a defende com tanto vigor como se estivesse reinventando a roda.

Agora mesmo, está em discussão a proposta de mudança do nome da Avenida Marechal Castello Branco para Avenida Firmino Filho.

Antes, num acesso de oportunismo, já quiseram mudar o nome da dita avenida para Donizetti Adalto, quando do brutal assassinato do apresentador, em 1998.

Quem, por aqui, pretende sepultar a memória de Castello Branco desconhece completamente sua relação com o Piauí.

Basta citar, como ilustração, que o Estado deve a ele a usina hidrelétrica de Boa Esperança, a maior obra pública construída no Piauí durante o século 20.

À luz de vela

Até o final da década de 1960, as cidades piauienses eram iluminadas com energia fornecida por geradores termoelétricos, com hora marcada para funcionar, ou à luz de lamparina.

Havia, então, o sonho de construção de uma usina hidrelétrica que pudesse garantir energia em abundância.

O projeto chegou a ser autorizado pelo presidente Jânio Quadros, que, no entanto, renunciou com apenas sete meses de governo. E o Piauí continuou nas trevas.

A ideia da hidrelétrica não saiu do papel, mas não morreu.

Fiat Lux

Mais adiante, ela foi levada à mesa do presidente Castello Branco.

Os técnicos do governo federal se posicionaram contra a construção da usina no leito do rio Parnaíba. Alegavam que o investimento era alto e que o Piauí não tinha demanda. E era verdade.

O marechal-presidente engavetou o parecer técnico dos burocratas e deu a ordem:

– Para o Piauí, quero a solução do coração.

E a barragem se fez. Não da forma fácil como estou relatando aqui. A obra foi construída ao longo de três governos (Castello Branco, Costa e Silva e Médici), sendo inaugurada em 1970.

Sem essa

É consensual que o ex-prefeito se faz merecedor de todas as homenagens, mas os tributos à sua memória não podem atropelar a memória de quem, como ele, também deu significativa contribuição ao desenvolvimento do Estado.

Como sabem, conheci Firmino de perto. Fui seu colega nos secretariados dos prefeitos Wall Ferraz e Francisco Gerardo. Depois, secretário dele, em seu primeiro mandato. Fomos amigos por quase 30 anos, desde que nos conhecemos até seu prematuro falecimento.

Minha convicção é a de que ele não concordaria com esse tipo de homenagem. Jamais patrocinou uma desse gênero durante seus quatro mandatos de prefeito.

Se querem homenagear a memória do ex-prefeito, colocando seu nome em rua ou avenida, que o façam denominando uma das novas que estão em construção, como a Via Sul, por exemplo. É isso! Deixem os mortos em paz!

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