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O Galego do Programa

Radialista Gomes de Oliveira, o Galego/Imagem: TV Assembleia.

Antes de entrar na prosa de hoje, faço um breve passeio pela história do rádio: no dia 7 de setembro de 1922, aconteceu a primeira transmissão radiofônica no Brasil.

Em seguida, apaixonados pelo novo veículo começaram a trabalhar em iniciativas que resultaram na implantação das primeiras emissoras pelo território nacional.

Durante 50 anos, o rádio foi o principal veículo de comunicação do Brasil, alcançando as regiões mais remotas do país.

Neste aspecto, estabeleceu-se como um importante braço da integração nacional.

Isso ocorreu até à massificação da televisão, a partir da década de 1970. Na era digital, contudo, o rádio voltou ao pódio, seja pela sua mobilidade, a sua instantaneidade ou pela praticidade de ser sintonizado em qualquer canto do mundo, a qualquer momento, através da internet.

Dia do Radialista

Depois da inauguração da primeira emissora de rádio do Brasil, no Rio de Janeiro, outro momento marcante do veículo foi sua regulamentação, em 21 de setembro de 1943.

Nessa data, o presidente Getúlio Vargas assinou o decreto-lei nº 7.984, que fixou o piso salarial de todos aqueles que trabalham com rádio, em funções em comissão ou permanentes, do diretor ao auxiliar de estúdio.

A partir daí, passou-se a comemorar o Dia do Radialista em 21 de setembro.

Em 2006, porém, por meio da lei 11.327, o presidente Lula transferiu a comemoração para o aniversário do radialista e compositor Ary Barroso, 7 de novembro, instituindo assim o Dia do Radialista.

Um nome do rádio

Desde que a primeira emissora de rádio entrou no ar, a trajetória do próprio meio de comunicação se confunde com a de algumas pessoas.

Em Teresina, um desse profissionais que se identificam de forma inseparável com o veículo é o radialista Gomes de Oliveira, o Galego.

Natural de Teresina, onde nasceu em 5 de maio de 1952, José Gomes de Oliveira Neto construiu uma história única no rádio.

Trabalhar em comunicação foi um desejo aflorado já na adolescência.

Identificando essa vocação, seu pai, Severino Gomes de Oliveira, o levou à Rádio Difusora em busca de uma oportunidade.

O garoto tinha apenas 16 anos e foi amavelmente acolhido pelo diretor da emissora, jornalista José Lopes dos Santos.

O começo e o apelido

O início da carreira foi ao lado de Ben-Hur Soares e Martins, como auxiliar do plantão esportivo.

Um ano depois foi levado pelo escritor Hardi Fillho para a Rádio Clube, onde ganhou a chance de trabalhar como repórter de campo.

Revelação do rádio esportivo piauiense em 1970, como repórter da Clube, foi contratado pela Rádio Pioneira.

Lá ganhou, do diretor de esportes Dídimo de Castro, o apelido de Galego, como passou a ser conhecido.

A equipe esportiva de Dídimo de Castro e Carlos Said era inigualável. O time era composto ainda por Aluizio de Castro, Carlos Dias, Pedro Ribeiro, Tomaz Teixeira e Valdir Araújo.

Enquanto se destacava no rádio, Galego atuava também na mídia impressa, com colunas e matérias publicadas no Jornal do Piauí, O Estado, O Dia, Diário do Piauí e Jornal da Manhã.

Por diversas vezes, foi escolhido o melhor repórter esportivo do Piauí.

O Programa do Galego

No final dos anos 1970, o então diretor artístico da Rádio Pioneira, Pedro Mendes Ribeiro, deu-lhe a responsabilidade de apresentar o programa musical Discoteca do Povo, nas noites de segunda a sexta.

Um ano depois foi para o horário da manhã, como apresentador do programa Pioneiríssima que, ao ganhar contornos de reclamação popular, teve o nome modificado para Programa do Galego.

Atingiu o auge em prestígio popular e audiência, com números impressionantes aferidos pelo IBOPE.

Na TV

Depois, Galego foi para a TV, com passagens pela Meio Norte e Cidade Verde, ganhando destaque pela sua espontaneidade e comunicação simples, de fácil recepção por parte do mais humilde ouvinte ou telespectador.

Ele continua em atividade, desempenhando seu papel jornalístico na Rádio Verdes Campos Sat.

Seu jeito de comunicar influenciou outros jovens na escolha da profissão. Um deles foi seu irmão Severino Filho, o Buim, hoje o maior pesquisador de futebol do Brasil, com vários livros publicados.

Galego é casado com Fátima das Dores, com quem tem quatro filhos (Mário Sérgio, Yara, José Filho e Paulo Sérgio).

Tumulto na rádio

Acompanho sua trajetória desde quando cheguei a Teresina, em 1978, vindo de Água Branca.

Seu programa na Pioneira atingia audiência arrebatadora.

Tudo era atraente: as trilhas musicais, a comunicação irreverente do locutor, as broncas que ele espalhava sobre quem as merecia…

Quando visitavam Teresina, os artistas de grande sucesso faziam parada obrigatória em seu programa para entrevista e lançar seus discos.

Lembro que, no auge da carreira, o cantor Sidney Magal veio fazer um show e fez questão de ir ao Programa do Galego.

À época, a Pioneira funcionava na Rua Senador Teodoro Pacheco com a Rua Barroso, a dois passos da Praça Rio Branco, no centro.

Tiveram que chamar a polícia para controlar a multidão, tal era o tumulto de fãs na porta da rádio, pelo encontro de dois nomes de peso do meio.

Voz aos pequenos

Em 1980, nosso grupo de jovens lançou em minha cidade um jornalzinho mimeografado que fez muito sucesso por lá.

Estudante na capital, eu ia lá a cada 15 dias cuidar da publicação do jornalzinho e trazia uns exemplares para distribuir em Teresina.

Um deles eu levava para o Galego, a quem entregava a publicação muito timidamente nos estúdios da rádio.

Ele lia as manchetes e notas do nosso jornal em seu programa, conferindo importância e prestígio à nossa modestíssima publicação.

Em seguida, me tornei jornalista profissional e em 40 anos de atividade tive apenas uma oportunidade de trabalhar perto do Galego.

Foi no período de 2017 a 2020, no Grupo de Cidade Verde. Um privilégio, por se tratar de um bom companheiro de trabalho – bom papo, bem-humorado, bem informado e sempre disponível para os colegas.

Com admiração e gratidão, dedico-lhe esta crônica pelo Dia do Radialista.

Galego em ação no estádio Lindolfo Monteiro, em 1970/Acervo: Buim

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