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Um lenço para o ministro

A semana que passou foi marcada, na área judicial, por mais um gesto de grosseria do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Em julgamento, na terça-feira, 23, após voto do ministro Kássio Nunes Marques, que entendeu não ser possível declarar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro nos processos envolvendo o ex-presidente Lula, o ministro Gilmar, como presidente da 2ª. Turma do STF, disparou:

Combinação de ação entre o Ministério Público e o juiz encontra guarida em algum texto da Constituição? Isto tem a ver com garantismo? Nem aqui, nem no Piauí, ministro Kassio“.

Ora, não foi a primeira vez que, à falta de argumento, Gilmar partiu para o desdém, na tentativa de desqualificação de um colega.

Quem não lembra daquele espetáculo de 2009, quando os ministros do Supremo discutiam um processo em plenário e explodiu uma discussão entre Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa que descambou para ofensas pessoais?

Gilmar, do alto de sua autoridade de então presidente do Supremo, passou na cara de Joaquim Barbosa: “Vossa excelência não tem condições da dar lição de moral.” Este retrucou: “E nem vossa excelência! Vossa excelência está destruindo a justiça deste país”.

O bate-boca não parou por aí, e Barbosa emendou: “Quando vossa excelência se dirige a mim, não está falando com os seus capangas no Mato Grosso, ministro Gilmar.”

Maus sentimentos

Já agora em 2018, houve outro arranca-rabo no Supremo, envolvendo Gilmar Mendes e o ministro Luiz Roberto Barroso, este ainda novato na Corte.

Alvo da metralhadora verbal de Gilmar Mendes, Barroso reagiu, energicamente:

Me deixa de fora desse seu mau sentimento, você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia. Isso não tem nada a ver com o que está sendo julgado. É um absurdo vossa excelência vir aqui fazer um comício cheio de ofensas, grosserias. Vossa excelência não consegue articular um argumento, fica procurando, já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora chegou a mim. A vida para vossa excelência é ofender as pessoas“.

Do fel ao mel

Bem, depois do arroubo de oratória para cima de outro colega novato na Corte, na mesma sessão de terça-feira passada, o valente ministro Gilmar metamorfoseou-se como que por encanto. A montanha se desmanchou no ar.

Bem nervosinho, ele acabou em lágrimas, chorando pelo advogado do ex-presidente Lula. Faltou um lenço para o ministro.

Ser atingido pela bílis do ministro Gilmar Mendes não é o fim do mundo. Às vezes, chega a ser até bom. Grave mesmo seria receber um elogio dele.

Dessa forma, sua ofensiva retórica não deve abalar o jovem ministro Nunes Marques. Como piauiense, ele está em boa companhia no Supremo. Entre os conterrâneos que o precederam com honradez e altivez na Corte, que foram poucos, mas grandes, basta citar o ministro Evandro Lins e Silva.

Portanto, não é o berço humilde, com o qual Gilmar Mendes tentou fazer chacota, que deve preocupar o novo ministro do STF.

O que deve estar entre as preocupações de Nunes Marques, permanentemente, é o cuidado para não ganhar a fama do ministro Gilmar Mendes.

1 Comment

  1. Na realidade, feio ficou mesmo para o ministro calouro, que pôs o processo debaixo do braço e foi pedir a benção do padrinho, padrinhos não abençoou e ainda lhe exigiu préstimos. De tão envergonhado, não conseguia mirar a câmera quando do proferimento de seu voto juridicamente impossível, fundamento em fatos que não faziam parte do pedido do autor, sempre baixo. Como bem disse Gilmar Mendes, o voto de um Juiz Covarde. Eu ainda acrescentaria o adjetivo CUPINCHA.

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