Participação na TV Nestante
15 de setembro de 2020
De dez eleições, tucanos perdem a primeira em Teresina
29 de novembro de 2020
Exibir Tudo

Aquele jovem que virou irmão mais velho

Quando me iniciei no jornalismo, há 40 anos, ele despontava como um dos novos valores da Igreja Católica em Teresina.

Muito jovem, havia chegado há pouco tempo de Salvador e se fazia notar pelo seu estilo mais despojado, pela a palavra fácil, a sensibilidade pastoral e a profundidade de sua pregação.

Fora do altar, trocava a batina por calças jeans, camiseta e tênis, sem relaxar do penteado da moda. Dirigia seu próprio carro. Há quem diga que ele também pilotava moto.
Era um padre que, com estas características, se identificava muito com os jovens.
Os anos passaram e ele, sem temer as dobras do tempo, os desafios do momento e as esquinas do amanhã, foi se transformando em uma das grandes lideranças da Igreja no Piauí.

Claro que me refiro ao padre Tony Batista, que hoje se despede da Igreja de Nossa Senhora de Fátima como pároco, após 45 anos de sua vida sacerdotal dedicados à paróquia.
Ele celebrou sua primeira missa em Fátima na noite de 20 de fevereiro de 1975.

Tudo por lá ainda estava praticamente por fazer. E ele fez. E foi mais longe. Na direção da Ação Social Arquidiocesana (ASA), braço social da Arquidiocese de Teresina, estendeu a mão da Igreja aos pobres e excluídos.

É considerado um padre pop, midiático, mesmo. No entanto, o que aparece de sua ação pastoral e social é apenas a ponta do iceberg.

Há um mundo de boas ações sendo praticadas silenciosamente a todo instante, nos mais diversos pontos da Teresina socialmente pobre – na partilha da solidariedade e na semeadura da esperança.

Homem do diálogo, com trânsito livre em todas as áreas, fez-se ouvir quando a Igreja, fiel aos ensinamentos de Cristo, precisou levantar sua voz contra as injustiças, os pecados, os erros e os abusos dos poderosos.

Se alguma vez sua voz tremeu, foi de indignação, não de medo.

O pastor diligente, pragmático, agregador, culto, incansável, comunicador, se despede de sua querida paróquia com o espírito de desapego que deve guiar a vida de cada cristão.
Aos 74 anos, vai como um irmão mais velho de várias gerações. Mas segue de alma leve, com a consciência do dever cumprido.

Que, para onde for e onde estiver, continue sendo “escandalosamente feliz” em sua peregrinação a serviço do povo de Deus!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *