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O FOQUINHA 14 – O barulho da redação

A lauda na qual se escreviam os originais das matérias/Imagem: Acervo do autor.

A redação de jornal que conheci em 1980 era um concerto desafinado de máquinas de escrever.

Como já contei, eu trabalhava na sala de telex, revisando os despachos das agências de notícias.

Os aparelhos de telex ficavam ligados dia e noite, picotando notícias, nervosamente.

Os telefones da redação não paravam de tocar. E uns iam atendê-los falando tão alto que talvez nem precisassem de telefone para serem ouvidos do outro lado da linha.

Mas a poluição sonora não era a única. Em alguns momentos, a redação era tomada de fumaça, quando os fumantes, um atrás do outro, acediam seus cigarros.

Quase toda mesinha tinha um cinzeiro abarrotado de pontas de cigarro ao lado da máquina de escrever.

Geração boêmia

Muitos jornalistas eram movidos a café e a cigarro. Outros, a água que passarinho não bebe.

Era uma geração romântica por excelência, meio chegada à boêmia, meio desleixada da saúde.

Comparadas com aquelas redações, as de hoje parecem espaçonaves, de tão silenciosas e frias.

Hoje o jornalista mete seu fone no ouvido, se conecta com o mundo exterior e se isola de quem está perto.

As laudas

Até ali, escreviam-se os originais dos textos jornalísticos em papel específico, que se chamava lauda.

As linhas eram datilografadas em espaço dois, com numeração, para facilitar o trabalho do diagramador e o do revisor. Daí descia para a fotocomposição.

Quando faltava esse papel, o redator tinha que bater 72 pontinhos no alto da folha comum para não se perder.

Escrevia-se sempre com carbono, para que a segunda via ficasse na redação, de modo a orientar o editor na definição dos títulos das matérias.

No próximo domingo, falarei sobre o desempenho de jornalistas e colabores à máquina de datilografia.

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