Da “Primavera Silenciosa” à COP 30 – Parte 2 (Final)
8 de novembro de 2025
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O FOQUINHA 15 –  Entre datilógrafos e ‘catilógrafos’

Na redação do jornal O Dia, década de 1980/Imagem: Acervo do autor.

Bem, retomo a conversa de domingo passado, sobre meu ingresso em uma redação de jornal.

Antes, preciso lembrar que pertenço a três gerações com diferentes formas de escrever: a da manuscrita, a da máquina de datilografia e a do computador.

Na primeira fase, eu me esmerava na caligrafia. Desenhava mesmo. Ter uma letra bonita era um diferencial.

Com o passar do tempo, na pressa das anotações de repórter e de tanto usar os teclados, passei a escrever garranchos os quais eu mesmo, muitas vezes, tenho dificuldade de adivinhar.

Quando me iniciei no jornalismo, em agosto de 1980, logo percebi que me foi de muita valia o curso de datilógrafo que fiz em Água Branca, oferecido pela CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade).

Os redatores

Na redação do jornal O Dia, havia jornalistas e colaboradores que eram exímios datilógrafos e outros que usavam a máquina datilográfica sofregamente. Estes eram os catilógrafos, pois saíam catando as teclas.

Uns, como o jornalista Francisco Leal, editor-chefe, pareciam tocar um instrumento musical, tal a leveza que empregavam no uso de suas máquinas; outros, pareciam dar uma surra nas coitadas das máquinas de escrever. Fiquei na média.

Lembro que a jornalista Elvira Raulino, aclamada papisa do colunismo social do Piauí, escrevia toda a sua prestigiada coluna à mão, em notas que fazia em tirinhas de papel. Letra bonita. A seguir, passava tudo para a máquina de datilografia, com apenas dois dedos e muita velocidade.

O jornalista Carlos Augusto de Araújo Lima tinha um desempenho excepcional com a máquina de escrever.

Soube depois que, na juventude, antes de ingressar no jornalismo, ele fora telegrafista, no 2º BEC, onde trabalhara com o código morse, apurando tanto a audição quanto a habilidade de escrever à máquina.

O professor e escritor A. Tito Filho, então presidente da Academia Piauiense de Letras, só escrevia à mão. Ainda guardo comigo alguns manuscritos dele.

O também jornalista, advogado e escritor José Lopes dos Santos era o contrário: só escrevia à máquina. Até seus bilhetes. A dele era eletrônica. Um luxo! Guardo também alguns originais escritos por ele.

No próximo domingo falo sobre outros profissionais que encontrei na redação.

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