O FOQUINHA 11 – A visita do arcebispo

Dom José Freire Falcão/Imagem: CNBB

Como eu contava domingo passado, poucos dias depois do boato sobre a expulsão do padre João, o vigário-geral da Arquidiocese de Teresina, monsenhor Mateus Rufino, foi a Água Branca examinar a situação in loco.

A botaria sobre a expulsão do padre era em função de uma carta do prefeito endereçada ao arcebispo de Teresina denunciando que ele era comunista e estava usando os jovens para levar suas ideias adiante.

Isso porque o padre João apoiava nosso movimento, especialmente a resistência que fazíamos ao fechamento do nosso jornalzinho por ordem do prefeito.

Era 14 de agosto de 1980, época dos festejos de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, quando o monsenhor Mateus nos visitou em nossa sede. Tudo era muito simples.

O anúncio

Lembro como se fosse hoje da presença, em nosso grupo de jovens, daquele homenzinho franzino, baixo, de ar severo e olhar terno.

Ele fez perguntas e nos ouviu. Ao final da reunião, anunciou a presença de Dom José Freire Falcão em Água Branca, para presidir a missa de encerramento dos festejos, no dia seguinte.

E comunicou que o arcebispo de Teresina também visitaria nosso grupo de jovens, a convite dele. E assim foi feito.

Na sede do JAC, Dom José Freire Falcão, de fala mansa, jeito aristocrático, também conheceu de perto o nosso movimento.

Ele declarou que estava muito satisfeito com a nossa iniciativa, e nos estimulou a continuá-la.

Também nos alertou que deveríamos estar preparados para superar possíveis obstáculos que surgem sempre em qualquer agremiação, vindos de toda origem.

Surpresa

Hoje, a palavra de incentivo do arcebispo talvez viesse a causar alguma estranheza, pois ele era tido como uma liderança conservadora da Igreja.

Mas foi justamente isso que aconteceu: Dom Falcão, futuro cardeal, não titubeou, e seu apoio fez nosso grupo se sentir fortalecido para continuar na luta.

(O nosso jornalzinho registrou as visitas do monsenhor e do arcebispo na edição que circulou em 31 de agosto de 1980).