O voo do poeta William Melo Soares
12 de agosto de 2025
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O FOQUINHA 3 – A Era do Mimeógrafo

Mimeógrafo/Imagem; Reprodução.

Sim, vou falar sobre o siribolo provocado pelo decreto do prefeito de Água Branca determinando o fechamento do nosso jornalzinho, há 45 anos.

Antes, devo contar um pouco mais sobre o “suporte tecnológico” que usávamos na produção do nosso jornal.

Os equipamentos eram basicamente dois: uma máquina de datilografia (portátil) e um mimeógrafo (uma máquina de impressão caseira).

O seu uso era muito simples: datilografava-se o texto sobre uma folha especial, o estêncil, que tinha carbono.

O texto então aparecia do lado oposto da folha, colocada no rolo da máquina com a parte escrita voltada para cima.

Girava-se a manivela e a máquina começava a vomitar as cópias impressas. O processo era um pouco lento, mas resolvia.

O estêncil era na verdade uma matriz, que só passava o texto para outra folha porque no meio havia um feltro umedecido em álcool. Isto, naturalmente, para o caso do mimeógrafo a álcool.

As cópias produzidas eram inconfundíveis: cheiravam a álcool, e as letras saíam em um azul-arroxeado.

O aparelho era muito utilizado nas escolas e nas repartições públicas.

A seguir, surgiu o mimeógrafo elétrico a tinta e isso tornou o processo mais rápido.

O que usávamos na impressão de nosso jornalzinho já era elétrico, mas tão surrado que espalhava manchas pretas sobre o texto.

E o decreto?

Bem, acabei me estendendo no relato do “processo industrial” de produção de nosso jornalzinho que não entrei na história sobre o decreto do prefeito determinando o seu fechamento.

Mas eu precisava contar um pouco mais sobre a importância do mimeógrafo, uma ferramenta essencial na educação, comunicação e mobilização social antes da chegada das novas tecnologias.

“Geração Mimeógrafo”

O aparelho surgiu no início do século 20 e foi muito usado, sobretudo, nas décadas de 1970 e 1980, antes da disseminação das fotocopiadoras e das impressoras.

Pelo seu baixo custo para reproduzir cópias de papel de forma rápida e pela facilidade no seu manuseio, o mimeógrafo teve um papel relevante no acesso à informação.

Na época da censura, incomodou muitos poderosos de plantão com seu uso na produção de jornais alternativos e de panfletos contra o regime militar, e ainda nas campanhas sindicais, políticas e eleitorais.

A Igreja Católica lançou mão desse aparelho, igualmente, para imprimir os hinos das missas.

Foi também a arma da chamada “geração mimeógrafo” na impressão de sua poesia marginal.

A história do decreto fechando nosso jornalzinho fica para a próxima semana. Sem falta. Até lá!

De uma máquina de datilografia como esta saía nosso jornal.

Uma das edições de nosso jornalzinho.

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