
O FOQUINHA 1 – Memórias de um aprendiz de jornalismo
3 de agosto de 2025
O voo do poeta William Melo Soares
12 de agosto de 2025Comecei na imprensa, há 45 anos, motivado pela vocação, como quase todos de minha geração.
Minha primeira experiência nessa área foi em um jornalzinho fundado pelo grupo de jovens de Água Branca, em janeiro de 1980, quando eu passava férias em minha cidade.
Eu já estudava em Teresina, na Escola Técnica Federal do Piauí (hoje IFPI).
Em 1980, faria o terceiro ano do Curso de Técnico de Edificações (o equivalente agora ao último ano do Ensino Médio).
Como eu estava sempre por Água Branca, me enturmei com o grupo de jovens, ligado à Igreja Católica.
O jornalzinho
Não lembro de quem foi a ideia do jornalzinho, se foi minha ou do Raimundo Sobral, que era o líder do grupo, composto de mais ou menos 100 jovens.
Ele era um pouco mais velho do que nós. Já havia morado em São Paulo e cursado a Faculdade de Belas Artes. Uma figura humana da maior dignidade.
O certo é que fizemos o jornalzinho, de 4 páginas, tamanho A4, mimeografado. Uma impressão anêmica, de tão fraca.
O Raimundo Sobral ficou como editor e eu como redator. O jornalzinho, intitulado “O Águia”, saía quinzenalmente, aos domingos, dia da feira.
Publicávamos poemas, crônicas e notas breves sobre acontecimentos locais.
Aqui e ali o jornal apontava falhas na administração municipal. Porém, não eram denúncias. Eram meras notícias, em sua maioria tímidas, até.
Com pouco tempo de circulação, o jornalzinho caiu na simpatia popular.
Mas, como o que é bom dura pouco, o prefeito achou de baixar um decreto determinando o seu fechamento.
Aí acabou o sossego de todo mundo. É o que vou contar na próxima semana.

Edição nº 1 do jornalzinho do grupo de jovens de Água Branca (1980) – Imagem: Acervo pessoal.