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6 de outubro de 2024
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Ricardo Alaggio, uma saudade

Professor Ricardo Alaggio/Imagem: Ascom/UFPI

A Universidade Federal do Piauí se despede de um de seus mais estimados docentes, o professor Ricardo Alaggio Ribeiro.

Ele faleceu ontem (21/10), em Teresina, aos 68 anos, vencido por um mal que o atormentou impiedosamente por longo período e contra o qual lutou resignadamente.

Filho de militar de vida nômade, o coronel Joel Ribeiro, prefeito de Teresina de 1971 a 1975 e deputado federal de 1979 a 1983, Ricardo nasceu no Rio Grande do Sul, morou em Brasília e em São Paulo, andou pelo Brasil inteiro e percorreu o mundo. Mas seu mundo era o Piauí.

Era graduado em Engenharia Civil e Economia. Mestre e doutor em Ciência Política pela Universidade de Campinas (Unicamp).

Sua experiência na área de Ciência Política era vasta e diversificada, com ênfase em Relações Internacionais, Bilaterais e Multilaterais; estudos sobre a defesa nacional e economia política internacional, atuando principalmente nos seguintes temas: distribuição de renda, relações econômicas internacionais, indicadores sócio-econômicos, teoria política e história do desenvolvimento econômico.

Era professor do Departamento de Economia e da graduação e do mestrado em Ciência Política da UFPI, trabalhando na área de Estado, desenvolvimento e instituições políticas. Foi professor também do mestrado em Gestão Pública.

Na sala de aula, cativava os alunos com sua inteligência, sua polidez, seu bom humor e sua humildade incomuns. Sempre disponível.

Também ocupou o cargo de diretor da Editora da Universidade Federal do Piauí (EDUFPI), executando um arrojado programa de publicação de livros, vários deles em parceria com a Academia Piauiense de Letras.

Por último exerceu o cargo de Gestão na Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento (PROPLAN).

Prêmio nos EUA

Como pesquisador, Ricardo Alaggio recebeu o prêmio Franklin Delano Roosevelt, do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA) com a tese: “Kennedy e o Brasil: Os primeiros anos da Aliança para o Progresso”, defendida na Unicamp.

A pesquisa retrata a relação Brasil-EUA durante os anos 1960, no governo John Kennedy, sob a ótica do programa Aliança Para o Progresso.

O estudo mostra ainda os investimentos do programa nos países da América Latina, principalmente em habitação, educação, saúde e infraestrutura.

A tese estava na gaveta desde 2006, e ele resistindo à cobrança para a sua publicação em forma de livro.

Entre os que mais ficavam em seu pé pela publicação do livro estavam seu tio Pedro da Silva Ribeiro, professor e membro da Academia Piauiense de Letras, e eu.

O livro, intitulado “Kennedy e o Brasil”, finalmente foi lançado em 2022, na comemoração dos 20 anos do Salão do Livro do Piauí (Salipi).

Obra interrompida

Ricardo Alaggio trabalhava um segundo volume da obra, com foco na atuação do projeto de Kennedy no Piauí.

Eu vinha colaborando na pesquisa com o mapeamento das obras executadas no Estado pelo programa, durante os governos Petrônio Portella e Helvídio Nunes.

Ele vinha se dedicando também à pesquisa para a biografia de seu pai. Tomou gosto pelo trabalho depois que “o major” – como o chamava carinhosamente – fez uma palestra na Câmara Municipal de Teresina.

Todo ano, no aniversário de Teresina, a Câmara convida uma personalidade para falar sobre a cidade.

Em 2015, por sugestão nossa, o presidente da Câmara, vereador Luiz Lobão, convidou o ex-prefeito Joel Ribeiro, que fez uma bela oração sobre a Teresina dos anos 70.

Os trabalhos de Ricardo sobre o segundo volume da Aliança para o Progresso e a biografia de Joel Ribeiro foram interrompidos pela inesperada doença que acabou por tirar sua vida.

Nosso abraço de pesar aos seus filhos, aos irmãos Rodrigo Alaggio, Roberto e Ana Lúcia e a toda à sua família, bem como aos colegas, alunos e amigos que sentem profundamente a sua precoce partida. Ele será lembrado sempre com saudade.

Que sua alma descanse em paz!

Ricardo Alaggio no lançamento de seu livro, no Salipi, em 2022/Imagem: UFPI

Joel Ribeiro faz palestra na Câmara Municipal de Teresina, em 2015/Imagem: Ascom/CMT

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