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Lembrando Cazé, jornalista e músico

Raimundo Cazé/Reprodução TV Assembleia

Teresina, últimos anos da década de 1970. Poucos carros na rua. A Churrascaria Beira Rio, situada no cruzamento das Avenidas Maranhão e José dos Santos e Silva, era o point da cidade.

No som ambiente, barulho apenas de copos de vidro, garrafas, talheres e louças, além de converseiro sem fim, mas em tom moderado.

No começo da tarde de um dia de semana, um homem esbelto, alvo, se dirige ao amplo salão da churrascaria.

Caminha a passos lentos, enrolando os dedos da mão direita nos cabelos louros encaracolados e esticando os olhos claros na direção das mesas. Ia à procura da mesa onde estava um amigo com quem iria almoçar.

De um canto do salão, ouve o seu nome em um grito, saído de uma voz metálica, que chama a sua atenção e a dos demais clientes.

O homem que chegava era o jornalista Cazé e o que gritou pelo seu nome, de pé, era ninguém menos que o cantor Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

Gonzaga estava em Teresina para compromissos profissionais e aproveitava para rever o velho amigo sanfoneiro.

E aquele grito pelo nome do Cazé era justamente para dar aos presentes o testemunho de sua amizade com o convidado, que recebeu calorosamente.

Um homem sem ambição

Esta é uma das muitas histórias que envolvem o jornalista e músico Raimundo Rosa de Sá, o Cazé, falecido na noite da última segunda-feira (26/04), arrebatado pela nefasta Covid-19. Só as que eu sei dariam um livro de grosso volume.

Conheci o Cazé no começo de minha profissão e desde então me tornei amigo dele. Além do jornalismo, nos aproximava o gosto pela música.

Sempre pé de boi, como se diz popularmente das pessoas devotadas ao trabalho. Também generoso, curioso, atento. E polêmico.

Sua inteligência incomum e o seu jeito simples de tocar a vida chamaram a atenção de personalidades como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, João Claudino, Waldemar Macedo, Sebastião Leal, Severo Eulálio, Nogueira Filho, Bona Medeiros, Antônio José Moraes Souza, Celso Barros, Fonseca Neto, Magno Pires, Jonathas Nunes e muitas outras das quais se tornou amigo.

Entre os profissionais do jornalismo, foi o mais sem ambição que eu conheci. Aliás, tinha apenas uma ambição, que era possuir uma boa sanfona.

Contarei outras histórias do Cazé, lembrando com saudade o velho amigo e querido companheiro!  

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